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terça-feira, 23 de março de 2010

Os sacrifícios humanos para os Maias

A idéia de sacrifício sempre esteve presente entre os povos em sua manifestações religiosas, desde os povos mais primitivos até aqueles que consideramos os mais evoluímos, como nós. No cristianismo, o sacrifício esteve presente constantemente em suas narrativas bíblicas até a crucificação de Cristo e posteriormente, o seu sacrifício perpetuou-se nos rituais religiosos da religião cristã, apesar de ter sofrido uma fragmentação com a Reforma Protestante, mas permaneceu a idéia de sacrifício; quando ingerimos a Hóstia após a consagração, estamos ingerindo o corpo de cristo, o vinho,  seu sangue. Entre os índios da América os tupinambás, em seus rituais antropofágicos, ingeriam o inimigo para, também, homenagear seus deuses. Os povos pré-colombianos também mantinham seus rituais de sacrifício e tinham seus motivos, descubra esses motivos clicando aqui
iconografia, Viagem ao Brasil. Hans Stadem

Os Deuses Astecas

       Os povos pré-colombianos construíram ao longo dos anos uma América surpreendentemente diferente da cultura ocidental européia. causando choque aos seus visitantes que por aqui chegaram em 1500. Possuíam, organização política, social, econômica e religiosa próprias. 
      Os deuses, por exemplo, para os nossos visitantes representavam a diversas manifestações do demônio, que para cá havia se refugiado e se escondia nos desertos do sertão; o deserto como um espaço vazio que deveria ser preenchido pela civilização. 
Os europeus não entenderam que os ameríndios possuíam seus próprios deuses, veja quais eram esses deuses  ... clicando aqui 

domingo, 21 de março de 2010

O Paraíso na Ótica dos Viajantes do século XVI

      

Os viajantes do alvorecer do século XVI viam nascer o mercantilismo, o germe que acabaria por transformar sua sociedade, os Estados modernos, as idéias reformistas do cristianismo, a monetarização da economia, o individualismo na arte e o humanismo na religião. Buscava ser racionalista, sendo a "descoberta" ou "achamento" de um Novo Mundo uma grande ruptura quanto à dimensão do Orbe, antes compactado entre as cortinas de ferro no Oriente distante ou além do Mar Tenebroso- a idéia de abismo.

Não podemos esquecer que somos produto do nosso tempo, o que construímos mentalmente exprime nossas visões de mundo, de nós mesmos e dos outros. o outro muitas das vezes é o diferente, e nos não nos vimos como diferentes ou estranhos, os europeus nos viram como diferentes, pelas nossas crenças, cultura, nudez, rituais antropofágicos e que nas nossas matas o demonio havia se refugiado e que por isso, os indígenas do seiscentos deveriam ser catequizados, cristianizados entre outras intensões. Portanto, saiba mais sobre a construção da visão de paraíso que os europeus criaram do Brasil nos primeiros anos de sua chegada nessas terras, e perceba que, na verdade, os europeus desde a Idade Média sonhavam em chegar num paraíso terrestre. clique aqui



quinta-feira, 18 de março de 2010

Belle Époque - ontem e hoje

rua João Alfredo. centro comercial

Para um viajante do inicio do século XX que passeasse pelas ruas de Belém poderia concluir que estaria em algum lugar da europa. A semelhança de Belém com alguma cidade européia não se dava à toa, mas pelas avenidas arborizadas, quiosques nas esquinas das ruas, bondes circulando, crematórios, necrotérios, asilos, praças, teatros, palacetes, cinema, hotéis, casarões - decorrados com azulejos portugueses, obras feita de ferro, tudo isso, era a modernidade presente na Amazônia, era Belém passando por um processo de embelezamento e europeização, era Belém sendo higienizada e civilizada.

      Esse projeto de modernização partiu do intendente Antonio Lemos que governou a cidade por 13 anos, e mesmo sem nunca ter conhecido a europa enquanto era intendente conseguiu com base em seus livros, revistas e informações de viajantes construir uma cidade em moldes europeus.
A principal preocupação do intendente, era de tornar a cidade apresentável, melhorar seu aspecto estético, seguro e higiênico para os visitantes, os quais, eram grandes financistas, banqueiros, empresários, seringalistas, comerciantes; a cidade era o principal centro financeiro da região devido a economia da borracha, a qual gerou grande quantidade de divisas, divisas essas que serviram em parte para custear as obras projetadas por Lemos.
      A Europa, considerada pelas elites intectuais e políticas como o centro da civilização, do progresso e da modernidade; exportava seus "paradigmas" para todos os continentes do planeta, daí a necessidade de organizar a cidade de Belém sob os princípios da "ordem, progresso e da civilização".
     A primeira medida a ser tomada, segundo lemos, deveria ser o de higienizar a cidade, para afastar as doenças que assolavam a região e eram temidas pelos viajantes. Logo, foi construído o primeiro crematório da América Latina, bem à margem da bahia; em seguida vieram as ruas calçadas, o sistema de esgoto e o crematório, bem distante do centro da cidade (dando origem ao atual bairro da cremação). Segundo a historiadora Nazaré Sarges em "Belém, riquezas produzindo a Belle èpoque" Lemos passeava pelas ruas da cidade bem cedo antes de ir para o palácio do governo para verificar se havia lixo jogado pelas ruas, e, quando chegava no palácio ordenava para os funcionários providenciarem o recolhimento dos dejetos.
      Não bastava portanto somente estas medidas, era preciso educar o povo, pois era "mau educado" segundo o intendente; surge então a necessidade de criar os Códigos de Postura Municipais que determinava por exemplo: que as roupas lavadas não poderiam mais quarar na grama das praças, algazarras nas ruas, bebedeiras, cuspir no chão, para os homens - andar sem camisa, batuques o não cumprimento de tais medidas eram repreendidas com pagamento de multas e, em caso de reicindente era preso.
          As pedras, os azulejos das frentes das casas, os mármores, as grades de ferro, os vitrais, os tecidos das roupas tudo era importado da Europa.
            
rua da cidade velha, casarões com azulejos portugueses, a parte de baixo servia para atividades de comércio e a parte de cima eram moradias.

As praças construídas nesse período reuniam o que de mais elegante havia nas cidades européias. Praça da República, por exemplo, foi construída com a forte presença da cultura greco-romana, como as colunas em estilo, dórico, coríntio e jônico e ainda elementos da art nouveau; o terreno da praça foi ondulado para dar a idéia de relevos, montanhas, como os campos europeus; as mangueiras foram importadas e arborizaram as ruas para amenizar o calor.
Praça da República, 2010.







    
Teatro da Paz, 2010; colunas gregas, janelas retas, fênix, estilo europeu em evidência.

Instrumentos de tortura na Idade Média

       A Idade Média não é a "Idade das Trevas" como muitos ainda a interpretam por falta de conhecimento desse período. Sabemos que as universidade, o arado, o comércio, a imprensa, nasceram na Idade Média. estamos falando de um período da história comum, logicamente com suas especificidades mentais, políticas, sociais que não a transformam em um período de atraso nem de ignorância, ao contrário um período tão rico e fantástico quanto a nossa contemporaneidade.
Portanto, há um lado sombrio, que hoje olhamos para trás e somos levados a pensar: os homens faziam mesmo isso?; a resposta é, sim! tinham seus motivos: políticos, religiosos, ambições e pretensões, mas que deve ficar somente no pensar e não nos levar a fazer juízo de certo ou errado principalmente aos historiadores. Esse lado sombrio esta ligado às práticas de tortura praticados por membros da Igreja Católica nos julgamentos e condenações do Tribunal do Santo Ofício. 

Se você está preparado para ver as imagens, então continue a leitura.

Logicamente, com tamanho poder, os Tribunais impunham punições políticas e econômicas, de forma a aumentar a expansão da Igreja na época. Dessa forma, as penas mais leves, geralmente vistas como alívio, era o confisco de bens, além de flagelos públicos, e desfiles com roupas de hereges. Com a vasta quantidade de penas aplicada, não é difícil entender porque a Igreja foi relativamente a instituição mais rica da história. Com ela, enriqueciam os reis que a apoiavam, como era o caso dos espanhóis.
     Ao lado uma iconografia de uma mulher sendo torturada por um dos instrumentos medievais, percebam que esse tipo de tortura não provocava morte fatal, mas os condenados passavam horas, dias definhando até a morte.
      Se você está preparado para ver cenas fortes de como os homens e mulheres eram torturados na Idade Média clique no link abaixo. mas se você não estiver preparado continue apenas neste resumo.


clik aqui






quarta-feira, 17 de março de 2010

Bomba da Segunda Guerra Mundial encontrada na França

Artefato de 250kg foi encontrado durante obras num hospital. Cerca de 1.500 pessoas foram retiradas de casa para a desativação.

O especialista antibombas Philippe Sorensen carrega dispositivo encontrado em Saint-Etienne-du-Rouvray, norte da França. Artefato é da Segunda Guerra Mundial e foi descoberto durante trabalhos de engenharia em um hospital (Foto: Robert Francois/AFP).





Cerca de 1.500 pessoas foram retiradas de suas casas enquanto a bomba de 250 quilos foi desativada (Foto: Robert Francois/AFP)




Notícia vinculada ao globo.com

"Tecnologia da Morte" - fornos crematórios

"Em 1942, os grandes crematórios foram completados, e o processo inteiro passou a ser realizado nos prédios novos. Novas vias férreas levavam ao crematório. As pessoas eram selecionadas como antes, com a única exceção de que os incapazes de trabalhar iam para o crematório, em vez de serem conduzidas às casas de fazenda. Era um prédio grande e moderno; havia salas de despir e câmaras de gás subterrâneas, e um crematório acima da superfície, mas tudo no mesmo prédio. Havia quatro câmaras de gás subterrâneas; duas grandes, cada uma acomodando duas mil pessoas, e duas menores, cada uma acomodando 1.600 pessoas. As câmaras de gás eram construídas com uma instalação de chuveiro, com duchas, canos de água, algumas instalações hidráulicas e um sistema de ventilação elétrico moderno, de modo que, após o envenenamento por gás, o aposento fosse arejado por meio do dispositivo de ventilação elétrico. Os corpos eram trazidos por elevadores até o crematório acima. Havia cinco fornos duplos.

"Queimar duas mil pessoas levava cerca de 24 horas nos cinco fornos. Geralmente só conseguíamos cremar cerca de 1.700 a 1.800. Estávamos portanto sempre atrasados em nossa cremação, porque, como você pode ver, era bem mais fácil exterminar com gás do que cremar, que exigia muito mais tempo e trabalho.

"Quando o processo estava em andamento, dois ou três transportes chegavam diariamente, cada um com cerca de duas mil pessoas. Esses eram os períodos mais difíceis, porque tínhamos que exterminá-las de uma vez, e as instalações de cremação, mesmo com os novos crematórios, não acompanhavam o ritmo do extermínio."
 
Trecho do relato de Leon Goldensohn, médico e psiquiatra da prisão de Nuremberg, de uma conversa em 8 de abril de 1946 com Rudolf Hoess, comandante de Auschwitz (não confundir com Rudolf Hess).

Fonte: The Nuremberg Interviews, edição brasileira Companhia das Letras.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Por que "AVATAR" não levou o oscar? e por que "Guerra ao Terror"?

Filme vencedor transforma assassinos em heróis-santospor - Luiz Bolognesi (*)
         Ao contrário do que parece à primeira vista, a polarização entre "Avatar" e "Guerra ao Terror" não traduz uma disputa entre cinema industrial e cinema independente, nem batalha entre homem e mulher. O que estava em jogo e continua é o confronto entre um filme contra a máquina de guerra e a economia que a alimenta, e outro absolutamente a favor, com estratégias subliminares a serviço da velha apologia à cavalaria.

"Avatar" foi acusado nos Estados Unidos de ser propaganda de esquerda. E é. Por isso é interessante. No filme, repleto de clichês, os vilões são o general, o exército americano e as companhias exploradoras de minério do subsolo. Os heróis são o “povo da floresta”. A certa altura, eles reúnem todos os ”clãs” para enfrentar o invasor americano.

Clãs? Invasor americano?
Que passa? É difícil entender como a indústria de Hollywood conseguiu produzir um filme tão na contramão dos interesses do país e transformá-lo no filme mais visto na história do cinema. Esse fato derruba qualquer teoria conspiratória, derruba décadas de pensamento de esquerda segundo a qual a indústria de Hollywood está sempre a serviço da ideologia do fast-food e da economia que avança com mísseis, aviões e tanques. Como explicar esse fenômeno tão contraditório?

Brechas, lacunas na História. Ou, como diria Foucault, a História é feita de acasos e não de uma continuidade lógica cartesiana. A necessidade do grande lucro, da grande bilheteria mundial produziu uma antítese sem precedentes chamada James Cameron. O homem de Titanic tinha carta branca. Pelas regras da cultura do “ao vencedor, as batatas”, Cameron podia tudo porque era capaz de fazer explodir as bilheterias mundiais.

Mas calma lá, cara pálida, uma incoerência desse tamanho, você acredita que passaria despercebida? O general americano, vilão? As companhias americanas que extraem minério debaixo das florestas tratadas como o  império das sombras? Alto lá. Devagar com o andor, mister Cameron.

Aí, alguém chegou correndo com um DVD na mão.
Vocês viram esse filme da ex-mulher do Cameron? Não, ninguém viu? Então vejam. É sensacional. Ao contrário de Avatar, nesse DVD o soldado americano é o herói. Aliás, mais que herói, ele é um santo que arrisca sua própria vida para salvar iraquianos inocentes. Jura? Sim, o pitbull americano é humanizado e glamourizado, mais que isso, ele é santificado. Então há tempo.

"Guerra ao Terror" estreou no Festival de Veneza há dois anos. Por acaso eu estava lá como roteirista de "Terra Vermelha", do diretor italiano Marco Bechis, e fui testemunha ocular da história. O filme da diretora Kathryn Bigelow foi absolutamente desprezado pelos jornalistas e pelo público. E seguiu assim. Indo direto ao DVD, em muitos países, sem passar pelas salas de cinema. Até ser resgatado pela indústria americana como um trunfo necessário para contestar "Avatar" e reverenciar a máquina de guerra e o sacrifício de tantos jovens americanos mortos e decepados em campo de batalha.

Trabalhando num projeto para o mesmo diretor italiano, que pretendia fazer um filme sobre os viciados em guerra no Iraque, eu pesquisei o assunto durante alguns meses. Tudo muito parecido com o filme de Bigelow, exceto
por um detalhe. O detalhe é que os soldados americanos que se tornam dependentes da adrenalina da guerra tornam-se assassinos compulsórios e não salvadores de vidas. O sintoma dos viciados em guerra é atirar em qualquer coisa que se mexa, tratar a realidade como videogame e lidar com armas e balas de verdade como um brinquedo erótico. Se "Guerra ao Terror" representasse nas telas essa dimensão da realidade, seria um filme sensacional, mas não teria levado o Oscar, podem apostar.

"Guerra ao Terror" venceu o Oscar porque, como nos filmes de forte apache, transforma os assassinos que dizimam outras culturas em heróis santificados. A cena extremamente longa e minimalista em que os jovens soldados americanos, em situação desprivilegiada, combatem no deserto os iraquianos é o que, se não uma cena clássica de caubóis cercados por apaches?

Sem nenhuma surpresa para filmes desse gênero, os garotos americanos vencem, matam os iraquianos sem rosto, como os caubóis faziam com os apaches no velho-oeste. A cena do garoto iraquiano morto, com uma bomba colocada dentro do corpo por impiedosos iraquianos, que literalmente matam criancinhas, tem a sutileza de um elefante numa loja de cristais. Propaganda baratíssima da máquina de guerra.

No filme de Cameron, podem ser os apaches que derrotam o general e expulsam a cavalaria americana. Mas isso é apenas uma ficção. Na vida real do Oscar, a cavalaria precisa continuar massacrando os apaches.
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(*) Luiz Bolognesi é roteirista de filmes como "Bicho de Sete Cabeças" e "Chega de Saudade"

quarta-feira, 10 de março de 2010

A Idade Média - O nascimento do ocidente

Ana Lúcia Pereira da Silva, discute em artigo a obra "A Idade Média: Nascimento do Ocidente", do professor da Universidade de São Paulo, Hilário Franco Júnior.



Por Ana Lucia Pereira da Silva*
“... a civilização medieval, apesar de limitada materialmente segundo os padrões atuais, dava ao homem um sentido de vida. Ele se via desempenhando um papel, por menor que fosse de alcance amplo, importante para o equilíbrio do universo. Não sofria, portanto, com o sentimento de substituibilidade que atormenta o homem contemporâneo.“ (Hilário Franco Junior).

A obra A IDADE MÉDIA: NASCIMENTO DO OCIDENTE, do professor de História Medieval da Universidade de São Paulo, Hilário Franco Júnior, editora Brasiliense, com sua primeira publicação datada em 1986, atende aos seguintes objetivos: suprir a necessidade do leitor brasileiro sobre o tema, oferecer ao leitor o instrumental necessário para iluminar o passado como resposta e compreensão do presente, além da busca do equilíbrio entre as informações e interpretações com a presença de informações que elucidem o leitor ocidental que, embora esteja no século XXI, muito herdou desse período em todas as esferas que o rodeia (nos patrimônios cultural-econômico-acadêmico-político-linguístico-material). O texto divide-se em nove capítulos, abarcando os principais aspectos da fase histórica analisada, com a presença de quadros e orientação de pesquisa para leitores que, necessariamente, não têm formação específica em História ou no Período Medieval.  leia o texto integral clicando Aqui

sábado, 6 de março de 2010

Quantos seriam os índios do Brasil Pré cabraliano



Em 1981, o Museu Nacional e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicaram o Mapa Etno-histórico do Brasil, elaborado pelo etnólogo alemão-brasileiro Curt Nimuendaju Unkei.
Nessa obra magnífica estão anotadas as localizações e os nomes das tribos que habitavam nosso país e regiões circunvizinhas em 1500. Verifica-se que nesse território existiam populações que falavam línguas pertencentes a 40 troncos, isto é, idiomas reunidos em famílias lingüísticas e estas em blocos maiores, que chamamos troncos.
Para se ter uma idéia da variedade de línguas faladas por esses grupos humanos, basta dizer que apenas um tronco lingüístico, o indo-europeu, congrega línguas tão diversas quanto as germânicas, latinas, eslavas e o sânscrito.
Na verdade, em nenhuma outra parte da terra encontrou-se uma variedade lingüística semelhante à observada na América do Sul tropical.
Esses 40 troncos lingüísticos estavam divididos em 94 famílias lingüísticas. Havia, ainda, línguas isoladas, isto é, que não podiam ser agrupadas em famílias.
O Mapa Etno-históríco do Brasil e países limítrofes, de Curt Nimuendaju, indica a localização das 1.400 tribos existentes em 1500, os troncos lingüísticos aos quais se filiavam, o rumo de suas migrações e a época em que ocorreram os primeiros registros a seu respeito. E, ainda, as tribos que se extinguiram em quatro séculos e meio após a invasão européia, cujo número corresponde a 90% do total.
Os troncos lingüísticos mais importantes falados hoje no Brasil pelas populações indígenas remanescentes são: o Tupi, o Aruak e o Macro-jê. As famílias lingüísticas com maior número de falantes são: Karib, Pano, Tukano e Xírianá.
A precariedade de dados históricos impossibilita uma estimativa mais ou menos exata e uma uniformidade de opiniões sobre o total da população nativa no Brasil de 1500.
As avaliações oscilam entre um milhão e cinco milhões de índios.
Esta última cifra é obtida da seguinte forma: se considerarmos que a população de 1980 foi de cerca de 227.800 índios, e que, tal como ocorreu no antigo México e antigo Peru, em que o decréscimo da população nativa foi de 20 a um, ou seja, onde havia 20 indivíduos restou um apenas, teríamos um montante de 4.556.000 habitantes no Brasil de 1500. Isso quadruplica a estimativa mais conservadora de Angel Rosenblat (ver quadro abaixo).

POPULAÇÃO INDÍGENA DO BRASIL (l5OO-l95O)
Ano  População     Indígena População Total      % de índios sobre a população total
1500 1.000.000    1.000.000                            100
1570 800.000       850.000                                 94
1650 700.000       950.000                                 73,6
1825 360.000       4.000.000                              9,14
1940 200.000       41.236.315                            0,40
1950 200.000       52.645.470                            0,37

A estimativa de 4.556.000 é modesta, considerando-se que o cálculo de Pierre Clastres para a população Guarani é de 1.404.000 num território de apenas 350.000 km2 no Paraguai, norte da Argentina e sul do Brasil. Este território corresponde a um retângulo compreendido entre o alto rio Paraguai e a costa atlântica.
As aldeias Guarani, segundo Clastres (l 975, p. 65), teriam 600 pessoas, distando 12 km uma aldeia da outra.
Como termo de comparação, considere-se que a população atual do Paraguai é de cerca de 3 milhões de
habitantes para um território de 407.000 Km2.


(Texto extraído do livro Amazônia Urgente. RIBEIRO, Berta G. Belo Horizonte- Itatiaia Ltda. 1990 pp. 75 a 78)

sexta-feira, 5 de março de 2010

Dia internacional da Mulher. Parabéns!!!!!


Em 8 de março deste mês, as mulheres merecem comemorar o seu dia especial, em primeiro lugar longe de ser apenas uma data comemorativa, capitalista, mercadológica, é um dia de homenagem ao qual os machistas devem se render; em segundo, não podemos esquecer das conquistas empreendidas por elas nesses séculos, pois, sempre sofreram preconceito e a reclusão imposta pelos homens, mas sempre buscavam meios de participar ativamente da sociedade mesmo nos períodos em que sofria uma grande repressão psicológica, física, religiosa entre outras formas. Na Grécia Antiga, período clássico, as mulheres dos atenienses chegavam a influencias seus maridos a tomar decisões nas Assembléias, a divulgar as notícias, não eram tão submissas assim. Na Idade Média, muitas mulheres  morreram como bruxas mesmo não sendo. No Século XVIII as mulheres despertaram nos homens o sentimento nacionalista em lutar pelos seus países, pátrias e nações e lutaram ao lado deles. na Primeira Grande Guerra ocuparam o lugar dos homens nas fábricas, se alistaram como enfermeiras, economizaram o pão para que seus homens fossem alimentados. hoje, as mulheres se transformaram em empresárias, advogadas, médicas, professoras, psicólogas, diplomatas, políticas entre outras profissões, mas o preconceito ainda não terminou e sua fragilidade é defendida legalmente - ai daquele que atentar contra elas.
À todas essas mulheres que se libertaram do julgo da discriminação e do preconceito, que se libertaram das correntes invisíveis do machismo, grades que a encarceravam em escuridão e à todas aqueles que ainda lutam pelo seu espaço, UM FELIZ DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES.

terça-feira, 2 de março de 2010

A Idéia de nação e nacionalismo do século XIX ao XX

INICIE-SE com Otto Vossler (1949, p.1): “O nacionalismo é a força política mais característica dos séculos XIX e XX. Como os séculos XVI e XVII podem ser chamados de séculos das guerras de religião, o final do século XVII e o século XVIII de séculos do iluminismo, o século XIX e o XX, pode ser dito, são séculos do nacionalismo e acrescento ainda do imperialismo. Com efeito, todos os grandes movimentos políticos posteriores à Revolução Francesa são, expressões e efeitos da vontade nacional.”
sintetizando a ampla gama de perspectivas que o tema “nação” motivou, ressalta-se: o romantismo democrático de Rousseau e Jefferson; o conservadorismo exaltado de Burke; o idealismo de Fichte e Hegel; o liberalismo de Mazzini; o historicismo conservador de Ranke. De fato, tanto a idéia de nação quanto a materialização concreta das nações e dos nacionalismos a partir da Revolução Francesa são marcados pelas disputas e pelas tensões, pelos conflitos e pelas guerras.
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A cristianização dos índios na América Portuguesa


O livro de Glória Kok, resgata fatos obscuros do trabalho de cristianização dos índios na América portuguesa segundo Luiz Sugimoto, em matéria no Jornal a folha de São Paulo, pág. 20 à 26 de 2002, a antropofagia, bebedeiras coletivas, poligamia, rituais pagãos, nomadismo, cotidianas guerras tribais, comuns entre os povos da América pré colonial, transforma-se num grande desafio para o jesuítas: Como conviver com um povo deste? Para os dominadores portugueses do Brasil colônia, era impossível. Daí a decisão de catequizar os indígenas ou, havendo resistência, de escravizá-los ou dizimá-los.
Os vivos e os mortos na América portuguesa – Da antropofagia à água do batismo é um livro de Glória Kok, lançado pela Editora da Unicamp, enfocando os vínculos que índios e jesuítas estabeleceram com o mundo sobrenatural. Formada em filosofia, mestre e doutora em história social pela USP, Glória reuniu testemunhos preciosos sobre a forma como os nativos brasileiros – notadamente os tupis-guaranis – encaravam a morte e o paraíso, as suas práticas xamânicas, o significado de suas guerras, as formas de resistência diante dos colonizadores e das atrocidades de que foram vítimas em nome da cristianização.
A partir do reconhecimento pelo papa de que os índios são seres racionais (em 1537) e da chegada da Companhia de Jesus (em 1549), Glória Kok resgata fatos obscuros da história colonial até hoje pouco divulgados. Esta omissão, de um lado, ajudou a eternizar o preconceito contra ritos ancestrais, pois, por ignorarmos seus significados, nos habituamos a vê-los como manifestação da ignorância dos índios. De outro lado, contribuiu para manter imaculada a história oficial, onde praticamente não se menciona o genocídio de nativos e que somente agora começa a ser revista e recontada aos alunos da rede básica.
Na opinião da pesquisadora da USP, houve nos últimos anos grande produção de teses e livros de historiadores, o que iluminou o tema da colonização da América portuguesa sob diferentes prismas. “Esses textos são gradualmente transpostos, ainda que com filtros, para os livros de ensino fundamental e médio. Assim, os conflitos inerentes ao processo de catequização e à escravidão já se apresentam indissociados da história da colonização em vários livros didáticos e paradidáticos do mercado brasileiro", afirma.
Glória, porém, ressalta que isso não basta. "Na minha opinião, os livros também devem contemplar uma abordagem mais detalhada e dinâmica dos rituais indígenas tupis-guaranis e a leitura que deles fizeram os jesuítas, bem como a que os índios fizeram do mundo cristão, para que os alunos possam entender as disputas simbólicas que estruturam nosso imaginário".
Hoje - Solicitada a avaliar a postura da Igreja de hoje ante os índios, a autora de Os vivos e os mortos lembra que, mesmo na Colônia, os jesuítas reuniram todas as forças para a catequese e, para isso, precisaram flexibilizar os seus próprios procedimentos. Ela crê que este enfoque em relação aos índios mudou, sobretudo a partir dos anos 70, com o surgimento da Teologia da Libertação na América Latina, quando a Igreja passou a se colocar ao lado dos oprimidos. "Não sou uma especialista na matéria, mas nota-se que, por um lado, a Igreja desenvolveu um padrão bem mais tolerante com relação às culturas diferentes e ancestrais e, por outro, muitos povos indígenas aguçaram a consciência da necessidade de preservação das tradições tribais e das diferentes culturas, organizando movimentos de resistência".
Os mortos em desassossego
Segue uma reprodução (praticamente literal) de alguns tópicos do Capítulo 1 de Os vivos e os mortos na América portuguesa – Da antropofagia à água do batismo. O capítulo leva o título acima e este resumo, obviamente, não reflete a riqueza de detalhes com que Glória Kok resgata as relações dos indígenas com o mundo sobrenatural:
*Por ocasião da chegada dos europeus à América portuguesa, os Tupi viviam na orla atlântica do Amazonas até Cananéia e na região da bacia amazônica, enquanto os Guarani distribuíam-se pelo litoral de Cananéia ao Rio Grande do Sul, infiltrando-se nas margens dos rios Paraná, Uruguai e Paraguai. Esta ocupação dos tupi-guarani era interrompida apenas em alguns pontos do litoral: na foz do Rio Paraíba pelos Goitacá, pelos Aimoré no sul da Bahia e norte do Espírito Santo, e pelos Tremembé na faixa entre Ceará e Maranhão. Esses povos não-Tupi eram chamados de tapuias.
*As guerras entre tribos indígenas, mesmo de mesma língua, fervilhavam por todo o território. O motivo desses conflitos era um só: eles queriam vingar a morte dos seus pais antepassados. Para os europeus, essas guerras não tinham o menor sentido, já que não visavam nem a expandir o território, nem enriquecer, nem dominar, explorar ou aniquilar o inimigo. Muitas vezes, um grande contingente de homens era mobilizado para incursões guerreiras, cujo resultado era a captura de um único prisioneiro, que depois seria comido ritualmente pela tribo.
*Na aldeia vitoriosa, o índio capturado era recebido com muita alegria e entusiasmo. Era pouco vigiado, pois se fugisse seria considerado um covarde em sua terra e acabaria passando a vergonha de ser morto pelos índios de sua própria tribo. A morte pelo inimigo era a ideal, almejada por todos: a consagração do guerreiro. Não se encontrava prisioneiro que não preferisse ser morto e comido a pedir perdão.

*Para os covardes e os homens que nunca mataram um inimigo, o destino lhes reservava a mortalidade da alma, o apodrecimento do corpo, a transformação em uma existência espectral, que não conservava nada mais de humano. Aos guerreiros valorosos, que aprisionaram e mataram muitos inimigos, ou ainda às mulheres dedicadas ao preparo da carne dos prisioneiros e à sua ingestão, era permitido o ingresso a essa vida ideal coroada pelo convívio com os antepassados, deuses e heróis-civilizadores.
*É lícito afirmar que os índios acreditavam na realidade de uma substância para além do corpo físico, a que os europeus atribuíram o nome de alma. Mas a alma índia não envolvia a idéia de desmaterialização absoluta. Tampouco suprimia todas as ligações entre a "alma" e os restos mortais ou a desvencilhava das primitivas necessidades. Nessa ótica, a morte representava uma fenda na pessoa, a partir da qual o corpo e a alma submetiam-se a intensos processos de transformação.
*Contrapondo-se à vítima do terreiro que não demonstrava o menor vacilo ante o golpe de tacape, ciente de que seu corpo posteriormente seria consumido pelos inimigos, o índio que era acometido por alguma doença e percebia a proximidade da morte vivia trespassado pelo medo. Pode-se deduzir que o medo era, em grande parte, oriundo da decomposição física. "(...) dizem que é triste cousa morrer, e ser fedorento e comido pelos bichos".
*O curso das relações entre os vivos e os mortos nas tribos tupis-guaranis alterou-se substancialmente com a chegada dos jesuítas que, ao trazerem um outro modelo de sobrenatural, desfiguraram e esgarçaram o vínculo existente entre os vivos e os mortos. No entanto, antes de implantá-lo, trataram, sobretudo, de minar a resistência indígena que se manifestaria em várias regiões e de formas variadas.