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quinta-feira, 18 de março de 2010

Belle Époque - ontem e hoje

rua João Alfredo. centro comercial

Para um viajante do inicio do século XX que passeasse pelas ruas de Belém poderia concluir que estaria em algum lugar da europa. A semelhança de Belém com alguma cidade européia não se dava à toa, mas pelas avenidas arborizadas, quiosques nas esquinas das ruas, bondes circulando, crematórios, necrotérios, asilos, praças, teatros, palacetes, cinema, hotéis, casarões - decorrados com azulejos portugueses, obras feita de ferro, tudo isso, era a modernidade presente na Amazônia, era Belém passando por um processo de embelezamento e europeização, era Belém sendo higienizada e civilizada.

      Esse projeto de modernização partiu do intendente Antonio Lemos que governou a cidade por 13 anos, e mesmo sem nunca ter conhecido a europa enquanto era intendente conseguiu com base em seus livros, revistas e informações de viajantes construir uma cidade em moldes europeus.
A principal preocupação do intendente, era de tornar a cidade apresentável, melhorar seu aspecto estético, seguro e higiênico para os visitantes, os quais, eram grandes financistas, banqueiros, empresários, seringalistas, comerciantes; a cidade era o principal centro financeiro da região devido a economia da borracha, a qual gerou grande quantidade de divisas, divisas essas que serviram em parte para custear as obras projetadas por Lemos.
      A Europa, considerada pelas elites intectuais e políticas como o centro da civilização, do progresso e da modernidade; exportava seus "paradigmas" para todos os continentes do planeta, daí a necessidade de organizar a cidade de Belém sob os princípios da "ordem, progresso e da civilização".
     A primeira medida a ser tomada, segundo lemos, deveria ser o de higienizar a cidade, para afastar as doenças que assolavam a região e eram temidas pelos viajantes. Logo, foi construído o primeiro crematório da América Latina, bem à margem da bahia; em seguida vieram as ruas calçadas, o sistema de esgoto e o crematório, bem distante do centro da cidade (dando origem ao atual bairro da cremação). Segundo a historiadora Nazaré Sarges em "Belém, riquezas produzindo a Belle èpoque" Lemos passeava pelas ruas da cidade bem cedo antes de ir para o palácio do governo para verificar se havia lixo jogado pelas ruas, e, quando chegava no palácio ordenava para os funcionários providenciarem o recolhimento dos dejetos.
      Não bastava portanto somente estas medidas, era preciso educar o povo, pois era "mau educado" segundo o intendente; surge então a necessidade de criar os Códigos de Postura Municipais que determinava por exemplo: que as roupas lavadas não poderiam mais quarar na grama das praças, algazarras nas ruas, bebedeiras, cuspir no chão, para os homens - andar sem camisa, batuques o não cumprimento de tais medidas eram repreendidas com pagamento de multas e, em caso de reicindente era preso.
          As pedras, os azulejos das frentes das casas, os mármores, as grades de ferro, os vitrais, os tecidos das roupas tudo era importado da Europa.
            
rua da cidade velha, casarões com azulejos portugueses, a parte de baixo servia para atividades de comércio e a parte de cima eram moradias.

As praças construídas nesse período reuniam o que de mais elegante havia nas cidades européias. Praça da República, por exemplo, foi construída com a forte presença da cultura greco-romana, como as colunas em estilo, dórico, coríntio e jônico e ainda elementos da art nouveau; o terreno da praça foi ondulado para dar a idéia de relevos, montanhas, como os campos europeus; as mangueiras foram importadas e arborizaram as ruas para amenizar o calor.
Praça da República, 2010.







    
Teatro da Paz, 2010; colunas gregas, janelas retas, fênix, estilo europeu em evidência.

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