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sábado, 6 de março de 2010

Quantos seriam os índios do Brasil Pré cabraliano



Em 1981, o Museu Nacional e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicaram o Mapa Etno-histórico do Brasil, elaborado pelo etnólogo alemão-brasileiro Curt Nimuendaju Unkei.
Nessa obra magnífica estão anotadas as localizações e os nomes das tribos que habitavam nosso país e regiões circunvizinhas em 1500. Verifica-se que nesse território existiam populações que falavam línguas pertencentes a 40 troncos, isto é, idiomas reunidos em famílias lingüísticas e estas em blocos maiores, que chamamos troncos.
Para se ter uma idéia da variedade de línguas faladas por esses grupos humanos, basta dizer que apenas um tronco lingüístico, o indo-europeu, congrega línguas tão diversas quanto as germânicas, latinas, eslavas e o sânscrito.
Na verdade, em nenhuma outra parte da terra encontrou-se uma variedade lingüística semelhante à observada na América do Sul tropical.
Esses 40 troncos lingüísticos estavam divididos em 94 famílias lingüísticas. Havia, ainda, línguas isoladas, isto é, que não podiam ser agrupadas em famílias.
O Mapa Etno-históríco do Brasil e países limítrofes, de Curt Nimuendaju, indica a localização das 1.400 tribos existentes em 1500, os troncos lingüísticos aos quais se filiavam, o rumo de suas migrações e a época em que ocorreram os primeiros registros a seu respeito. E, ainda, as tribos que se extinguiram em quatro séculos e meio após a invasão européia, cujo número corresponde a 90% do total.
Os troncos lingüísticos mais importantes falados hoje no Brasil pelas populações indígenas remanescentes são: o Tupi, o Aruak e o Macro-jê. As famílias lingüísticas com maior número de falantes são: Karib, Pano, Tukano e Xírianá.
A precariedade de dados históricos impossibilita uma estimativa mais ou menos exata e uma uniformidade de opiniões sobre o total da população nativa no Brasil de 1500.
As avaliações oscilam entre um milhão e cinco milhões de índios.
Esta última cifra é obtida da seguinte forma: se considerarmos que a população de 1980 foi de cerca de 227.800 índios, e que, tal como ocorreu no antigo México e antigo Peru, em que o decréscimo da população nativa foi de 20 a um, ou seja, onde havia 20 indivíduos restou um apenas, teríamos um montante de 4.556.000 habitantes no Brasil de 1500. Isso quadruplica a estimativa mais conservadora de Angel Rosenblat (ver quadro abaixo).

POPULAÇÃO INDÍGENA DO BRASIL (l5OO-l95O)
Ano  População     Indígena População Total      % de índios sobre a população total
1500 1.000.000    1.000.000                            100
1570 800.000       850.000                                 94
1650 700.000       950.000                                 73,6
1825 360.000       4.000.000                              9,14
1940 200.000       41.236.315                            0,40
1950 200.000       52.645.470                            0,37

A estimativa de 4.556.000 é modesta, considerando-se que o cálculo de Pierre Clastres para a população Guarani é de 1.404.000 num território de apenas 350.000 km2 no Paraguai, norte da Argentina e sul do Brasil. Este território corresponde a um retângulo compreendido entre o alto rio Paraguai e a costa atlântica.
As aldeias Guarani, segundo Clastres (l 975, p. 65), teriam 600 pessoas, distando 12 km uma aldeia da outra.
Como termo de comparação, considere-se que a população atual do Paraguai é de cerca de 3 milhões de
habitantes para um território de 407.000 Km2.


(Texto extraído do livro Amazônia Urgente. RIBEIRO, Berta G. Belo Horizonte- Itatiaia Ltda. 1990 pp. 75 a 78)

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